domingo, novembro 25, 2012

ENSAIO DE QUEM EXISTE - VOAR


Por thiago nardOto
A imensidão do azul eu a pintei, mas... Divago no desejo de voar alto, e depois, descansar pousando no galho de uma pitangueira. Livre, voar, quem ousa? As asas que em mim nasceram sonham em movimentar, bater ao vento, golpear o levíssimo ar, transformá-lo em uma substância densa, palpável, e assim, voar. Mas as asas: tolhidas. Permito-me, coragem... O ar agora, vencido é assoalho de pés cansados, é brisa, é nada, tornou-se o porto seguro da alma, minh’alma molestada pela audácia – alma audaciosa – abusada por limites indevidamente ampliados...
Me preciso livre; Liberdade é ser EU, liberdade é EU ser – numa prateleira diante da imensidão – livre, escolha? Eis o agraciado: um introspecção sem rumo, predestinado a ser, sendo! Na decisão, a afirmativa do ser e toda a sua concretude, inteiro, traz consigo as sequelas, a solidão de voar sozinho, simplesmente por ser.
Antagônicos são os dias que perdem a beleza, até a melancolia perde o sentido, e ao cinza é atribuído a cor de dias lobotomizados. Incompletos, indecisos, desperdícios. Não ser, e, ainda assim, sendo apenas uma finalidade definido por outrem, sendo qualquer coisa; objetos de prazer, número, indivíduo. Quem é não precisa ser definido por alguém, já é! É completo, sabe voar!
Voar é preciso! Aquele que agora é – eu – conquistou asas diante do firmamento, o infinito, mistérios (...). Desbravar a existência na solidão de quem é a felicidade se torna partilha, o peito se abre, os lábios se movem: Voe bem alto, voe livre, voe comigo, voe ao meu lado!


terça-feira, abril 10, 2012

MEMÓRIAS E SEUS QUADROS...


thiago nardOto


"(...) Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais (...)"

Compositor Belchior (mas, a interpretação histórica é de Elis Regina)

No templo do passado, existe uma parede, e essa parede se chama história, ela é recheada de quadro de memórias... de vez em quando alguém entra nesse templo procura a famosa parede e seleciona alguns quadros para admirar, lembrar, experimentar novamente.. os quadros de memórias são vivos, trazem sensações, gostos, cheiros... nos fazem experenciar novamente os fatos! As memórias são janelas da alma!
Existem pessoas que entram no templo do passado e fazem morada.. em sua maioria são pessoas que não aceitam as mudanças que o dinamismo da vida lhes proporciona, de forma, direta ou indireta, querem viver os mesmos fatos para sempre! Mas, existe uma magia no templo do passado, é que, quem quer viver lá dentro, é encantado pela parede da história... que em vez dos quadros de memórias proporcionarem aos visitantes do templo as boas sensações e a fé para seguir adiante.. aos que fazem do passado suas vidas os quadros de doces lembranças e memórias tornam-se doces quadros de memórias dolorosas. Angustiante e frustrante.
Mudanças são assim, produzem histórias, recheiam o templo de quadros...
Entender e aceitar que a mudança do outro, também muda a mim... Principalmente se o outro for um próximo.. é ter humildade de reconhecer que eu também mudo e para encarar a mudança é preciso coragem!


Desculpe... mas sua frase me inspirou a escrever!
Boa noite!


Bom... não me contive, talvez não reflita realmente a publicação, mas quero muito também colocar uma imagem do Picasso... me lembra diversos quadros de memórias...







segunda-feira, março 05, 2012

QUAL É O SENTIDO?

thiagO nardOto


Já são 02 da madruga, uma tristeza repentina aperta meu peito, a tímida insônia que tem me conquistado diariamente, e mais uma vez vem me visitar... Soma-se a essa situação o fato de eu a esta altura já ter matado uns 20 pernilongos.
Questionamentos sobre a vida e seu sentido, o sentido do próximo, o propósito das coisas. Tudo isso martela em minha mente, e de repente, eu falo: quanta prepotência, como posso fazer questionamentos tão profundos se sou apenas o Thiago Nardoto, leia Freud, pense em Einstein...
Deveria calar o meu ser e deixar que o viés religioso, que sempre respondeu os meus inúmeros questionamentos ditasse a cor e o tom. Mas o sistema religioso já não suporta, ou então, o que eu conheço sobre religiosidade é hoje apenas uma máquina velha, tal qual a monarquia, tanta pompa... E nenhuma utilidade sincera...
Mas, acredito que em se tratando do sagrado, há algo supra, há algo meta... que transcenda a realidade raquítica dos nossos sistemas religiosos, que dê vida e dê sentido, que dê respostas! Os ideias do Cristo dos evangelhos sim. Embora a Igreja os tratem por utopias!
Sentido... Palavra esta que faz parte dos termos mais questionados em tempos pós-modernos, tempo este que “perverteu” instituições já estabelecidas há milênios, relativizou teorias científicas, e lançou a fé para o ponto de vista do observador tirando-a de um ponto fixo e seguro.
Sentido me traz a memória Viktor Frankl, não tenho nesse momento paciência para falar da história do Frankl, porém seu livro “Em busca de sentido” lançado em 1946, conta sua experiência de prisioneiro judeu em campo de concentração, Viktor um psiquiatra prisioneiro.
Algumas frases do Viktor:

"A liberdade espiritual do ser humano, a qual não se lhe pode tirar, permite-lhe, até o ultimo suspiro, configurar sua vida de modo que tenha sentido."
"Nós que vivemos em campos de concentração podemos nos lembrar que os homens que percorriam as barracas para confortar os outros, abriam mão de seu último pedaço de pão. Eles podem ter sido poucos em número, mas eles sustentaram prova suficiente de que tudo pode ser tirado de um homem exceto por uma coisa: a última de suas liberdades—escolher sua atitude em um determinado arranjo circunstancial, a escolha de seu próprio caminho."
"Fundamentalmente, portanto, qualquer homem pode, mesmo sob tais circunstâncias, decidir no que ele deve se tornar - mentalmente e espiritualmente. Ele pode manter sua dignidade humana mesmo em um campo de concentração."
"Nós podemos descobrir o significado da vida de três diferentes maneiras: (1) fazendo alguma coisa; (2) experimentando um valor; e (3) sofrendo."

Achei tão interessante quando a questão ontológica é colocada em debate, o SER é um bem tão maravilhoso, que podem nos tirar tudo, mas nunca a dignidade de Ser, é isso que Viktor me diz.
O que seria capaz de tirar a nossa dignidade de ser um SER HUMANO?
Quem levaria o nosso bem último, nossa capacidade de SER, que é essa liberdade dentro do nosso âmago? Não existe prisão psicológica, espiritual, sistema financeiros, meios de comunicação, coerção social. Nem a lobotomia tira a dignidade do SER de pensar!
Não há nada que consiga eliminar o gostinho que bate lá no fundo, que mesmo em meio ao sofrimento, podemos sentir... de que no mundo que vive dentro do nosso peito, lá dentro... Podemos até voar!
O problema do sofrimento continua a existir, mas a certeza da liberdade no âmago do SER, na capacidade de raciocínio e no reconhecimento de sua própria individualidade, não pode ser domado! O sentido está ai, na possibilidade de ser, mesmo diante das adversidades!
O SER vai continuar incomodando os dominadores de SER...



Deus nos guie ao sentido da vida!

Acho que já to viajando, mas o sono ainda não chegou... Vou me esforçar para dormir!


quinta-feira, outubro 06, 2011

ACORDA! DESPERTOU!!


thiagO nardOto

O café esfriou, jogou a xícara no chão...
Enquanto aquele horizonte bucólico se desfaz em um fim de tarde, o tom alaranjado que sai por detrás das montanhas lembra a luz vazante da fresta de uma porta num quarto de surpresas.
Sentou-se na cadeira de balanço e agora acompanha os últimos raios de luz se desfazerem no céu. Quando a penumbra é instaurada e a solidão é sua única companhia, para que levantar-se?
O balanço continua em cadência e aqueles momentos preciosos de bela reflexão foram de repente raptados pelo breu! Sua alma agora tão sombria traz a tona lembranças e a conclusão de que a vida lhe escorre entre os dedos!
O frio a gelar a pele, diante de um espelho que reflete a abóbada e lá, a lua. As lembranças mais profundas do seu ser tomam vida e lhe contam uma história. A juventude roubada pelo desespero dos dias, o no-hall que a dialética logo sintetizou, os amores que nunca ficaram, e a felicidade dos desafetos. O vazio que impera e a tardia percepção de que nada tem, só mesmo a contemplação, é o que ficou.
Os dias também lhe fora belos, mas a vida hoje lhe é um castelo de areia que a onda leva a cada vez que vem lhe visitar. Do que é eterno, do que um dia lhe trouxe beleza ao rosto, a saber os verdadeiros amores, a bela família, os grandes amigos, dinheiro e poder... o tempo se encarregou de tirar! Em cada outono alguém se ia para nunca mais voltar, como odeia o outono!
O tempo não para, e ainda por cima não é eterno! Nada é para sempre...
Alvorada!
Aquilo lhe espantou!
O João de barro está fazendo sua própria casa!

Levantou-se então da cadeira que continuou no ritmo cadenciado, nunca parou! Sem embaraço deu o primeiro passo com sua nudez insolente, enquanto uma lágrima escorria pelas fendas, as pisadas eram firmes! Um pardal construindo o ninho, um beija flor se exibindo. Chegou bem perto e com uma face triste, deu um sorriso que lhe faltavam dentes.
olhou para as mãos e disse e ouviu um pássaro dizer: 

tá esperando o quê? ainda dá tempo!





domingo, setembro 18, 2011

AQUARELA


thiagO nardOto




Na minha infância a música Aquarela de Toquinho sempre me impressionou, principalmente, e é lógico, por causa da propaganda da Faber Castel. Uma música que instiga a mente das crianças, sentia que podia construir tudo com  a minha mente quando ouvia Aquarela, me divertia com as batidas da música, e adorava a animação da Faber na propaganda. Achei a animação da Faber de 1995. Que delícia aquele tempo!
Mas depois que comecei a ficar mais velho passei a entender a mensagem da música. Se ouvirmos até o final perceberemos que a música fala de morte, mas não no sentido negativo, e sim no sentido de que a vida está acontecendo e que temos na mão o poder de transformá-la.  
Podemos dizer que nas duas primeiras estrofes os verbos estão no presente do indicativo e a voz é ativa, na primeira pessoa do singular, ou seja, o camarada que está cantando está completamente envolvido na ação, ele é que faz. 
Observe:

"Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva..."

Interessante como podemos ser agentes de transformação da nossa própria história. Além dos verbos no presente do indicativo, temos o verbo fazer que está no infinitivo e sugere uma opção do desenhista em fazer o castelo, já que é fácil fazer. Outro verbo interessante é o verbo dou que embora esteja na presente do indicativo, ou seja, de fato está acontecendo a ação e o sujeito a está praticando, o verbo é antecedido pelo pronome pessoal oblíquo na primeira pessoa "me" dou, que deixa o verbo na voz reflexiva, logo o sujeito é o autor da ação e a pratica contra si! 
Toquinho nos ensina isso nessas sentenças que podemos ser sujeitos ativos na construção da nossa própria vida, com opções e nos presenteando com o que temos e fazemos.
A incerteza e as coisas que fogem dos nossos planos também é uma mensagem revestida de uma linguagem deliciosa:

"Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho Azul do papel"

Quando bem captada essa mensagem não gera desespero, pois a vida em Aquarela é sempre possibilidades, e outra, é dinâmica! Ao mesmo passo que podemos transformá-la, somos alvos de suas incontinências, as vezes, ela foge ao nosso domínio!
Diante dessa incerteza e das contingências da vida, Toquinho nos dá uma dica: 

"Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu..."

Crie, aprenda e improvise... Quem sabe você pode voar?

"Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Brando navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...
Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar..."

Fico confuso o que será que tem nesse avião? Enquanto isso o barquinho está navegando. Seriam as possibilidades da vida? Por que iríamos querer que ele pouse? será a morte? acho que não, seria muito prematuro sua partida! ele acabou de sair por entre as nuvens. Ao mesmo passo que partir seria importante, seria a oportunidade de quem está indo! Mas diante das oportunidades "se a gente quiser ele vai pousar...".
As coisas começam a ir e vir na música Aquarela... e as formas simples e abstratas já são complexas e concretas, e as cores? Ficamos adultos!

"Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está..."

Partida novamente é um tema explorado.
A Gaivota voa longe, bem longe e vai!
Um Barquinho a vela aparece e segue seu rumo.
O Avião surge e parte!
O Barco está de partida! 
As coisas sempre estão indo, se vão! Mas as pessoas importantes estão sempre em volta, os amigos, a diversão. As experiências que aqui se apresentam são em conhecer o mundo a sua volta. E o futuro, quanta incerteza? embora o a caminhada que o menino faz seja algo extremamente pessoal, ele caminha, mesmo sozinho ou não, a caminhada é algo que cada um fará, mas o futuro, espera por todos!

"E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar

Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar [...]"

Novamente a vida impera e o futuro tão incerto e tão impessoal pode nos fazer rir ou chorar, interessante é que embora, nos preparamos, planejamos, esperamos. Porém tudo é incerto em Aquarela, Saiba viver! Toquinho usou está metáfora da astronave de forma tão certeira, por que não avião? ou  carro e trem?
A astronave nos leva a lugares inimagináveis, que mesmo diante do conhecimento humano, sempre nos deparamos com algo que não conseguimos lidar ou não conhecemos, talvez podemos saber conduzir a nossa própria astronave, mas não podemos determinar ou controlar os obstáculos que virão!
De fato, a vida não é um trem sobre os trilhos tão certeiros, nem um carro na pista, muito menos um avião em sua rota aérea, é uma astronave, tudo lá é diferente! Eis o futuro!
Da individualidade da primeira estrofe a comunidade no final da vida, observe:

"Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá..."

A aquarela da vida vai acabar e a beleza das cores serão ofuscadas, todos caminham por essa passarela e ela um dia perderá sua cor! a morte chegará para todos, e por que não estar sempre cercado das pessoas que amamos? 
Imagina, as crianças compreendendo isso? talvez se assustariam, mas quando compreendemos que isso é uma realidade para todo o ser humano, temos a oportunidade de mudar a nossa história e aprender a viver e lidar com os medos que nos surgem desde a infância!

POR FIM:

"Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)"

Entenda, embora tenhamos o poder de criar, mudar e transformar as coisas, tudo irá se acabar, devemos saber viver e lidar com a vida.
Não vejo morte em Aquarela, vejo vida e existência!

PERGUNTO:
Seu estojo escolar está com você?
O que acha de começar a desenhar e a colorir a sua vida?

Um grande abraço!

Segue abaixo a propaganda de Faber Castel que eu ficava viajando quando era criança:







terça-feira, setembro 13, 2011

NOVÍSSIMOS ESTILHAÇOS

thiagO nardOto

Tempos novos, já são tempos nem tão novos assim, porque o novíssimo está à porta e se você abrir, ele vai entrar e cear contigo, mas se você fechar a porta ele te engolirá e o que vai sobrar de ti será uma máquina velha...
Uma engrenagem colonial.
E agora o que fazer?
Pós-Neo-Trans... Transitamos para o fim dos novos tempos, tudo é confuso e as mudanças são traumáticas, o que era médio se tornou intragável, e ela, já foi uma meretriz, amanhã não haverá dignidade de seu próprio sofrimento e um dia será simplesmente irrelevante!
O que era moderno se tornou antiquado. O moderno já não comporta, mas também não alcançou suas potencialidades e falhou, a tribulação veio em 14 e a grande tribulação em 45.
Qual é o sentido do Milênio? 
Por que se importar se temos capital de giro? Disse o homem do século XX.
O que vem depois do moderno? Vanguarda já não é uma palavra adequada, é velha, é antiquada é moderna, e moderno, é velho!
O cristal foi quebrado, agora temos muitos cristais, mas isso não é uma questão de partilha, porque o que impera não é novo, é o novíssimo, o trauma é o que gere o novíssimo.


A ordem agora é FRAGMENTAR!

Eis o Novíssimo!
Quebremos o cristal, quais serão os desdobramentos? Pois bem ceie com o novíssimo e nunca mais será uma unidade.
De tudo um pouco e na face fissuras, nada é completo e a ânsia pela plenitude continua. Retornar aos tempos da completude não cabe mais, entorpecer os sentidos é a forma segura, mas não eficaz de ser pleno, a paranoia é hitech, os psicotrópicos levam a transcendência! configure as emoções, elas são virtuais. Cale-se o segredo é desvendado!
Bem vindo à porta do novíssimo se você entrar vai cear com ele... Só não me pergunte o que tem lá dentro, porque eu não sei a cidade ainda não está acabada, tudo é novo, tudo é tudo e tudo é nada!
No final das contas o ancião de 30 anos disse que tudo é tão velho que chega a ser novíssimo... É um Museu de grandes novidades e no que vem pós, tudo é um espelho quebrado!

segunda-feira, setembro 12, 2011

MEMORIAIS VIVOS

thiagO nardOto

Levantem memoriais!  Bradou o Arauto na escadaria do Palácio Anchieta, ele tinha em suas mãos as Tábuas do Favor. Ao Governador e a nós “co-governadores ele disse:
Um memorial que lembre os homens do amor e do ódio
da justiça e da injustiça
Um memorial que lembre o quanto o homem pode ser demoníaco
E como podem ser orações vivas.
Ergam memoriais por toda a cidade:
Que funcione,
Que constranja,
Que cure,
Que reconcilie!

MEMORIAIS QUE CURE A MEMÓRIA E RECONCILIE A HISTÓRIA!

Levantem memoriais, oh homens!
Não deixe que as marcas da dor na história fiquem sem perdão
Não deixe a dor sem sentido!
Cure a História pela lembrança viva de como não deve ser!
Ergam memoriais que ressuscite os ancestrais da justiça e da verdade!
Que seja provisão para o desprovido e honra para o humilhado.
Quem me dera se cada resistência pela verdade fosse lembrada! Suspirou o Arauto.

Mas, será que o Arauto imagina que os grandes homens dirão que não há necessidade, Pois lembranças de dor são feridas, são fraquezas e vergonhas para qualquer nação. Só que o Arauto insiste dizendo a todos:
A dor e a injustiça de uma raça, de uma classe devem ser lembradas!
Que surjam os memoriais de verdade e justiça, que brote o Madeiro!

Em tom proléptico o Arauto clama em voz amplificada!
Que os homens, mulheres e crianças deste Estado.
Visitem os memoriais em torno da cidade e consigam ver ali a si próprio.
Se vejam como o oprimido, e, como opressor!
Que o constrangimento gere ações de arrependimento e de integração
E que o povo deste Estado do Espírito Santo, faça valer o nome que recebeu, E assim, cada causa seja julgada!

O Arauto foi apedrejado por cada um que passava na Avenida Jerônimo Monteiro.
Silenciou, olhou fundo nos olhos de cada cidadão e desapareceu, Seu olhar transmitiu a mensagem e o anúncio profético passou a ser responsabilidade de quem ouviu os seus brados e agora de quem leu e compreendeu este  anúncio.
Agora é com vocês, agora somos nós!
Ergamos memoriais!
Sejamos memórias!